domingo, 30 de outubro de 2011

Saudade...

Para mim, saudade só seria uma coisa boa se eu pudesse materializar aquilo que sinto. Da forma que a saudade sempre me vem, às vezes fico triste, às vezes me conforta, mas nunca me toca, nunca me ouve, nunca me fala. Ela apenas aparece e permanece aqui. Quieta e me encarando nos olhos. Ah, saudade! Faça alguma coisa! Revire-se e remexa-se! Vai buscar o que me traz aos olhos todas as vezes que decide aparecer!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Fraseio

"O bom poeta diz tudo o que pensa e não diz quase nada. Pois se fossem as palavras profundas o suficiente para detalhar seus sentimentos, os dicionários não ocupariam as estantes. Ocupariam os corações."


Wagner Lopes

Esse Menino

Esse menino de sorriso largo
Aberto, franco, bonito
Poucos sabem de seus olhos
Tão claros, serenos, limpos
Ele que corre e se esconde
Ele que se mostra e desconfia
Que acredita e sonha com tudo
Ah, esse menino traquina!
Que faz do nosso peito moradia
Sem cerimonias, vai entrando
E lá dentro fica
Faz bagunça, dança, canta
A casa toda revira
Logo, sobre o sofá se aninha
E nos afaga, nos acarinha
Ah, esse menino!
Faz do coração
Lar de letras e poesias. 

(Dedicado a Allan Muniz)
E qual o problema de viver a vida numa poesia feita para cegos? 
A vida foi feita pra ser tocada tal como em braille, dedilhada de formas coesas para que seu significado seja entendido antes do fim do virar de páginas. Pois não há problemas em viver numa poesia. Basta que saibamos vivê-la no mesmo ritmo da alegria, da pureza, da leveza. O mais importante não é como você dedilha seu signifado e sim como finaliza sua literatura


Wagner Lopes & Carla Valéria 

Trechos II

Queria te fazer um convite mas não sei como fazer
Precisamos planejar como e quando novamente vamos nos ver
Já tenho tudo na cabeça, só falta você dizer que sim
Porque eu já cansei de te lembrar que seu corpo sente falta de mim.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Escritas

Escrevo sempre
Escrevo para materializar sua presença
Escrevo porque preciso
Escrevo apenas
E reescrevo novamente
Na esperança vã de te ler
Na vontade singular de te rabiscar
Na ânsia ímpar de te desenhar
Sorvendo cada palavra como sorvendo a mim
Tentando disfarçar o que se reflete
Neste largo brilho que ecoa
E se perpetua e cresce
E me toma por romântico
Escrevo porém
E nada é lido, nada é absoluto
É findável e ponto
Tal esta folha outrora branca
Que se rasga nas mãos de quem não a compreende

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Perfume de Café

Bálsamos, os teus perfumes
Os sinto aromáticos em cantos diversos
Na pele, no pelo, nos ares
Estranhos exalam ainda
Amadeirado
Oriental ambarado ou especiado
Posso contá-los todos
Quase os toco imaginariamente
Num sorver dentre os pensamentos
Ligeiros que permanecem
Nestes dias de ausência física
Tão tortuosos e simplesmente tediosos
Mas a mim não faz falta o tato
Quando aquilo que trazes
Me há impregnado por dentro
Tal qual teu cheiro
E me fez belo
E me faz te inalar por aí
Quando seja.   

Olhar incompleto

Saber-se satisfeito porém incompleto
Ao notar que a felicidade pode ser de carne e osso
E olhos e sorrisos
Tais como os teus
Me fazem feliz por diversas formas
Dinâmicas e sucintas
Reparar nos teus traços que continuam
Os mesmos traços
E ver-te aí, sorrindo como se para mim
Me pacifica num singelo gesto
Outrora tão vulgar
Conspirando esse tal universo
De estrelas milhares
Porquanto vejo e admiro
Teu olhar que nunca
Deixa de se encontrar escondido com o meu 

sábado, 15 de outubro de 2011

Simples

Seja
Seja sempre aquilo que a sua essência determina
O que seu espírito dita
O que seu coração transborda em seus olhos
Seja sempre
Seja completamente finito e necessário
Completamente sério e bem humorado
Com ideias que fervilham suavemente
E se eternizam em momentos sutis
Seja o que for
Mas seja sempre
Inebriante e admiravelmente convicto
Inconfundível e com marcas ímpares
Com o afeto intacto e permanente
De encontro com sua alma brilhante
Seja
E seja o sim
Esqueça-se do talvez daquilo que não se suporta
Esqueça-se do intervir da mão daquele que desconhece
Esqueça-se do antes para que o agora continue
Seja
E seja simples
Mas complexo a si mesmo
Inverso a tudo aquilo que não há
Convexo em todas suas convicções plurais
Seja e só
Isso lhe basta por ser assim

Esboços

Dentre essas esculturas
Artes, pinturas que fiz
Suavemente me deslizo, me entrepasso
Revejo de ângulos desobedientes
Desregrados
As curvas e cores obsoletas
Soltas e retilíneas
Sabem de mim mais
Soltam fagulhados detalhes febris
E tudo o que aqui não está
Assim estarei a qualquer instante
Pois sou a constância da mudança
E a fugacidade do mesmo momento. 

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Pequeños Siglos

Mis ganas las tengo fuerte
Como una silla en la sala
Pero me llevan lejos
Y me dejan cerca de ti
Mis sueños los tengo apartados
Como un rayo del sol
Como lluvia en la ventana
Como nadie en la puerta
Mis pensamientos son mis encuentros
Disonantes y calmos
Como el agua limpia
Lista y clara
Mis amores se quedan callados
Como el árbol sin bosque
Como  casa sin dueño
Y aún sin daños
Mis manos las guardo
Como mis palabras
Como mis horas
Como mis temblores en esa alma   

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Em meu barco

Nesse barco levo comigo muitas bagagens
Uma são minhas de verdade
Outras são apenas encomendas para depois
Minhas velas continuam firmes
Ainda que um pouco rotas
Seguem minha rota, meu plano
Levo comigo fotos, fatos e livros
Nesta embarcação que segue o vento
São memórias frescas da terra firme
De onde parti e não sei se volto
Ainda trago a areia da praia nos pés
Os peixes, as ondas na proa
O céu continua limpo e me permito seguir
Buscando onde não sei chegar
Na verdade busco a ilha que conheci
Somente lá, pretendo retornar
Regressar e aportar
Destravar, ancorar e ficar
Refazer a cabana
Revirar-me inteiro
E ter a certeza que este barco
Só me serviu para fazer voltar.

Horizontes

Hoje acordei com essa felicidade engraçada
A felicidade de saber que há o horizonte
Há páginas em branco
Há um novo traço a ser desenhado
Eu me rabisco de novo numa nova ilustração de mim
Me repinto com as palavras mais doces
Meu reflexo de tantas rugas
Tantas experiências que me trouxeram até aqui
E me fizeram ficar observando essa imensidão
Não saberia explicar a mim mesmo de onde vem
Essa alegria intermitente
Esse sopro no rosto
Esse vento que me diz que sim 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Heaven Above

Would you tell me that it’s breaking free
For me and you?
Would you tell me that the things you wanted to share
Never meant too much?
Would you ever wonder if it stopped like that
And returned on the rainbows down to me
And made me free like a storm?
Would you take me heaven above?
Would you tell me that it’s love we could have?

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Musicando você

Me deixe fazer uma canção pra você
Me deixe cantar você alto
As melodias que eu componho são doces
Mas tem rock, tem samba
Tem tango, salsa e bossa nova
Deixe que ecoe por aí
Nas estações de rádio, na novela na tv
Ninguém vai saber
Que o que eu canto é só para você
Me deixe fazer uma melodia em você
Vamos cantar bem alto
Vamos deixar a vida gravar nossos rostos
Nossa história, nosso zelo
Nossos passos, trilhas e sonhos
Deixe que circule pelo ar
Nos corações, nas praias de Saquarema
Ninguém há de saber
Que o que eu canto é só por você.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Lares do Coração


Eu que sou feito de cores
Muitas delas perdidas em tons sublimes
Fiz um arco-íris para teus olhos
Com milhares de nuances simples
Em meu mundo tudo é assim
Os sons do silêncio são vibrantes
Intermitentes e sutis
Pulsando no compasso do meu coração
Lá onde esperas calmamente
A eternidade se fazer para sempre
Pois o meu amor por ti 
É uma poesia
Por isso recito meu coração 
Rimado ao teu
São rimas ricas, preciosas
E desritmadas 
São palavras repletas de emoção
Na promessa diária
De falar de vida
Quando minha boca
Teu nome encontra