quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Bethânia

Quando Bethânia me sorriu pela primeira vez já era tarde da noite. Eu nem sequer sabia que ela tinha um sorriso tão lindo. Ela veio por entre as cortinas, dentre os móveis da sala, o aparelho de jantar e aquietou-se ali naquela cadeira. Me dizia coisas tão improváveis sobre o amor, sobre a terra onde piso, sobre a carência da solidão. Mexia em seus cabelos de uma forma particular, levando para trás, abrindo os olhos e cantarolando as conversas sussurradas ao meu ouvido. Era moça menina. Levantou-se com seu vestido branco feito de rendas e linhas e rodava. Rodava encantada. Era algo incomum aos meus olhos. Algo lindo. Trazia consigo o rompante de um trovão e a suavidade da chuva que se segue então.
Quando conheci Bethânia, ela não me conhecia. Ela pensava mas não dizia.Ela gostava de me fitar com os olhos como se eu fosse desaparecer a qualquer instante. Eu acho que gostava disso. Quando a conheci ainda não era tarde para conhecê-la e por isso a acompanho. Estranho e torto.

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