quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A Morte do Poeta


"Era tarde naquele dia em que eles se conheceram. Os campos verdes, a noite linda. Tímidos, trocavam as palavras, os olhares e as mãos não queriam se soltar. Ele sentia que seu mundo se coloria novamente como há muito tempo não acontecia. Despediram-se com a imensa vontade de ficar, de tirar tudo do outro, de reinventar a vida, mas seus rostos não se despediram dos olhos. Lá, eles permaneciam enquanto não se viram novamente. E se viram uma, duas, tantas outras vezes e aquela vontade de estar ali crescia. Crescia tanto que ele se assustou com tanta cor, com tanta força que brotava pelos poros. Ele nunca o disse que, certa vez, ao pensar no seu rosto, sinos tocaram de fato. Foi engraçado e repentino. Ele agradeceu por tê-lo conhecido. Não importava a distância, o tempo, os obstáculos que vinham pela frente. Ele o queria com tanta força que se desconhecia. Não previa futuros, apenas queria. Mas havia forças maiores que cada vez mais aumentavam o tempo, o espaço, a distância. Ele lutava, muitas vezes só, mas lutava. Foi quando de repente, se viu só na batalha. Não havia mais por quem lutar.
Ele vasculhou os escombros, refez caminhos, buscou seu amado dentre os feridos mas ele havia partido antes que as espadas fossem erguidas. Sozinho ele havia chegado e agora sozinho partia. Do seu amado somente lhe restavam as memórias que lhe sorriam lindas, vivas e coloridas... Que saudade ele tinha! Foi quando ele partiu. Não havia mais cores, sonhos, vontades. Havia somente ele que sempre fora guerreiro mas estava despedaçado e tinha uma lança cravada no peito. Uma lança que partiu de algum lugar desconhecido mas que doia. Doia e tinha que ser retirada para que não lhe causasse maiores danos e que pudesse caminhar, sair daquele lugar. Foi quando, num canto afastado, ao retirar a lança do peito, percebeu que havia as iniciais do seu amado escritas no cabo. Ele não entendia. Não entendia e se repetia:
-Se ele também me amava, porque ele me mataria?" 

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